A maioria dos profissionais acredita que a competitividade no ambiente de trabalho é saudável e ajuda a obter mais sucesso. É o que revela pesquisa da Page Personnel, empresa global de recrutamento especializado em profissionais de suporte à gestão. Para 90,3% dos participantes do levantamento, ser competitivo faz bem ao profissional e às empresas.
De acordo com o levantamento, realizado em março deste ano com 200 analistas, coordenadores e jovens gestores de diversos setores, de Rio, São Paulo e Campinas, uma das consequências positivas de um ambiente competitivo é o aumento da produtividade de trabalho. Esta percepção é endossada por 40,3% dos entrevistados, que acreditam que a competitividade é necessária para o desenvolvimento profissional e para o sucesso da empresa para a qual trabalham.
Diretor-executivo da Page Personnel, Roberto Picino ressalta que muitos funcionários usam essa situação a seu favor e como um incentivo para produzirem mais e melhor. E faz um alerta:
— As empresas devem se manter atentas aos exageros, pois metade dos profissionais que participaram da pesquisa acreditam que a competitividade no trabalho é saudável, desde que não prejudique seu rendimento ou o sucesso da empresa.
Segundo o diretor, as pessoas percebem, na maioria dos casos, que a competitividade é produtiva e pode ajudar funcionários e empresas a trilharem para um mesmo objetivo, que é o sucesso da organização.
— Quem não corrobora desta opinião precisa rever seus conceitos e procurar melhorar este aspecto para que ele não prejudique seu desempenho e o da companhia — finaliza.
Silvio Celestino, coach e diretor da Alliance Coaching, também acredita que uma competição sadia cria referências para o profissional saber o quanto suas habilidades estão em acordo com seus pares e o quanto está preparado para galgar postos maiores.
— O ambiente competitivo saudável, isto é, com regras e com vigilância de todos com relação ao respeito a essas regras, estimula o profissional a se esforçar e crescer.
A gerente de RH da Personal Service, Michele Pinho, também vê a competitividade como uma variável importante no desenvolvimento das empresas e dos colaboradores. Mas, segundo ela, o clima precisa ser saudável, com cada um buscando a superação e a excelência naquilo que faz:
— A produtividade do trabalho aumentará quando todos conseguirem superar suas metas no trabalho em equipe. Obviamente, os que se destacame devem ser reconhecidos e recompensados. E, mais do que isso: este profissional deve referência dentro do grupo.
A pesquisa mostra, ainda, que um grupo menor de entrevistados acredita que a rivalidade entre profissionais de uma mesma organização proporciona menor colaboração interna. Dos 9,7% dos profissionais que afirmam que a competitividade não é saudável, apenas 1,4% está preocupado com os prejuízos que a competitividade possa causar em seu rendimento profissional. Para 8,3%, a rivalidade não é saudável, pois gera menor colaboração interna.
— Um ambiente excessivamente competitivo faz as pessoas ignorarem as demais em prol de sua carreira. Sem freios, a competição pode desencadear um vale-tudo pela carreira e pelos resultados a qualquer custo — afirma Celestino.
De acordo com o consultor, ambientes competitivos mal regulados e sem ética acabam provocando situações que podem levar pessoas de má índole a cometer fraudes para atingir seus objetivos. Além disso, acrescenta, um ambiente corporativo que suga seus profissionais a ponto de eles darem tudo de si para a empresa provoca estresse e, no longo prazo, frustrações e baixo desempenho:
— A principal competição é da empresa com as demais no seu setor de atuação. Internamente, a empresa deve fomentar um equilíbrio entre competição sadia e cooperação. Afinal, uma empresa é uma construção em equipe, não de indivíduos que só pensam em si e em suas carreiras — conclui o coach.
É preciso levar em consideração que, antes de tudo, para o profissional crescer, a empresa também tem que crescer e gerar novas oportunidades para todos, diz Michele:
– Não adianta apenas trabalhar em prol de si mesmo. Tem que agregar para o resultado do grupo.
Fonte: https://oglobo.globo.com/